terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Exercício de paciencia
O lugar eh lindo. Uma ilha. Que me leva a pensar nos descobridores de nossa terra nos idos de 1500. Mas eh também dolorosa. "Leva repelente", eh o que mais ouvi quando disse qual seria o destino dessas minhas ferias. Ok, entendi. Ok, vou levar. Ok, ok. Nada ok. Uma Ilha Bela, mas também surpreendentemente dolorosa. O choque de realidade veio no primeiro cafe da manha. Com minúsculos insetos a roubar o prazer do primeiro dia. A incomodar, irritar, desesperar ate. O que fazer? Nada. Não ha controle sobre o inesperado. Mesmo passando repelente. As vezes a vida não aceita repelentes. E machuca.
Mas logo vem o ser humano -- ah, o ser humano... -- a se adaptar. Descubro que hora do dia atacam mais, recebo mil e uma dicas no melhor estilo zapzap/facebook. E sigo. Dias afora, vida afora. Como na bela canção: "Não vou dizer que não dói... mas já senti tantas dores...".
E entra em cena ela, a paciência. Que se ha de fazer? Eles estão por aqui, invisíveis, dominadores. Me rendo. Não sem luta. Mas percebo, assim como na vida, que ha momentos para recuar, esperar. E -- surpresa -- descobre-se muitas vezes sentimentos e sentidos escondidos nessa rendição. Um autocontrole, talvez. Um coração disparado pela dor, que tem algo de poético.
E entram em cena, também, eles, os amigos e parentes solidários. Porque o ser humano -- ah, o ser humano... -- sempre se une na dificuldade. A Gabi que traz o milagroso repelente caseiro de cravo (obrigada!!), a Re, Dri e Marlene que me indicam tipos de repelente e os demais, que 'curtiram' meu sofrimento cômico. E a Vanessa, prima querida, que reaparece na magia desse mundo virtual. E o delicioso paradoxo: "NAO coce, so piora" e "A única parte boa eh cocar". Como boa exemplar da raca humana -- ah, o ser humano... -- oscilo entre os dois, ao sabor do momento, do vento, do humor, do sabor.
Mas tudo passa. Certamente passa. Deixando, no entanto, pelo caminho seus rastros de destruição e construção (dicotomia da humanidade). Assim como os descobridores de nossa terra. Que em meio a tanto mar, mata virgem e imensidão, catequizaram os índios, fazendo-os acreditar que seus pages eram enviados do mal, que sua nudez era um atentado e que suas danças e ritos eram infantis. Mas ca estou, centenas de anos depois, em um resort numa ilha bela, fruto, por que não, dessa colonização. Conforto, piscina, mar, massagens, gastronomia, travesseiros e ar condicionado. Ah, e os borrachudos. Para não me fazer esquecer que nunca temos o controle de tudo.
ps1: não temos controle nem do teclado do computador. Desculpem a ausência de acentos e cedilhas.
ps2: não temos controle do teclado nem da internet. Depois de escrever toda a crônica a perdi. Determinada -- como o são os borrachudos --, escrevi de novo. Perdi partes que tanto tinha gostado. Mas escrevi outras novas. E cheguei ao final. Porque eh como dizem: tudo da certo no fim. Se não deu, eh porque ainda não chegou ao fim.
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