domingo, 1 de julho de 2018

Ela virou Luz (em homenagem a minha querida Tia Jane)

Passa. Certamente passará.

Mas dói. Certamente dói.

Um dia, de repente, ou não tanto assim, a presença se faz ausência. A mente não consegue entender, demora pra assimilar. Procura, olha, chama. Mas não recebe resposta. Ainda não. Mas receberá. Quando o tempo necessário da Terra transcorrer um pouco. Quando as inevitáveis tarefas do dia a dia começarem a tomar mais espaço do que a dor, a gente começa a ouvir a resposta. Demora ainda. Mas chega esse dia. Dia em que a gente consegue falar o nome, olhar uma foto, conversar sem chorar. Dia em que as lembranças passam a mais aquecer o coração do que machucar a alma.

Chega esse dia.

Acreditem.

A Pessoa Amada também precisa desse tempo. Porque virou luz. Mas, como em todo renascimento, precisa de tempo. Sempre ele. Dono de nós, amigo, carrasco, conselheiro. O tempo que afaga, acalma, explica, consola. Ela virou Luz. Vai brilhar. Daqui a pouco. Aquecendo o céu e os anjos com seu sorriso fácil. Enviando a nós carinhos em forma de sonhos. Vai brilhar. A cada momento difícil na Terra, nos Natais e aniversários, de vida e de partida. Vai brilhar. E a gente voltará a sorrir.

Acreditem.

Chega esse dia.

Não sem dor. Mas com amor. Hoje é dilacerante, amanhã menos intenso, depois de amanhã, inexplicavelmente vira uma brisa que vem num final de tarde a nos lembrar que a vida continua. Que todos continuamos.

Ela virou luz.

E já brilha lá.