Quando menina escrevia diário. Era meu território, meu confidente, meu amigo. Havia várias versões, inclusive com chave. Eu nunca fui tão longe, mas todos sabiam que era sagrado, afinal, diário é diário. As páginas em branco devem ter sido meu primeiro exercício de jornal. Anos e anos antes de um computador. Páginas, apenas. Sendo preenchidas por escritos a mão, apenas e simplesmente.
Com o passar do tempo, viraram agendas, com frases e pensamentos, onde colava aquele ticket do show, do teatro, aquela letra especial que ficou no guardanapo. Tudo ali, colado, registrando os anos mais esperançosos, os anos de adolescente, quase adulta.
Eu tinha também duas outras modalidades de diário. Uma em que registrava as respostas de amigos e parentes para as mesmas perguntas -- já era um exercício de reportagem? -- e outra em que os amigos deixavam mensagens, provavelmente um ancestral dos posts, msms, whatsapp e por aí vai.
Hoje tudo parece mais rápido. Será que as meninas fazem diários? Será que os trancam a sete chaves? Tudo é tão exposto, em segundos todos seus amigos -- ou nem tanto -- lerão sua última postagem, darão likes ou não, comentarão, ou não. A internet, o face, twitter --quais mais, mesmo? -- são nossos novos diários? Não sei.
Gostei de escrever sobre meus dias de férias, conversar com as pessoas, compartilhar meus momentos. Mas gostei tanto quanto de registrar pra mim, algo que eu possa a qualquer momento reler e relembrar. Mantenho uma espécie de diário, caderno de anotações mesmo, adoro o cheiro do papel. Mas gostei do face, com limites nas entregas, nos amigos, mas gostei.
E nesta reflexão sobre diários lembro a emoção de ler o diário de minha mãe, que ela me deu. Incrível. Ler sobre os sonhos juvenis da minha mãe, das inseguranças, dúvidas, frustrações, alegrias.
É, escrever, registrar, digitar, postar, seja lá o verbo que utilizemos, certamente é algo da psicologia humana, de querer se eternizar, quem sabe?
Sei que o sentimento após escrever se assemelha a uma missão cumprida, com gosto e regalo. E reler, depois, mostra que temos tantos lados a descobrir que ficam mais claros quando colocados pra fora. E, por que não, compartilhados.
domingo, 25 de maio de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)