sábado, 9 de junho de 2018
Nós, sós, sóis
Nós estamos sempre próximos, ou nos aproximando. Nós. Família, amigos, colegas do trabalho. Terceira pessoa do plural. Plural que inclui, soma, agrega, reúne. Aquece a solidão, aumenta os sorrisos, oferece um ombro ou um colo. Nós. Uma vogal aquecida por duas consoantes. Um “N” imponente, até certo ponto autoritário. Mas talvez no ponto exato em que sua altitude e atitude dão segurança sem sufocar. E um “s” por excelência sinuoso, matreiro, envolvente, com suas curvas que escondem carinhos e seduções. Nós. Mas há aqueles momentos em que, mesmo tão juntos, estamos sós. Faz parte. Às vezes o plural não é suficiente para o espaço infinito do Eu. E sai de cena o “N” para dar lugar a outro “s”, maiúsculo agora. Como maiúscula muitas vezes é a dor que nos faz ficar sós. Que transforma o Nós em Sós. E tem também aquele momento em dobro. Dos nós-nós. Quando nós nos enroscamos de tal forma que criamos nós. Difíceis de desatar. Um verdadeiro enigma. Como saber onde está aquela parte mais dura que atrapalhou o caminho suave do fio? Do novelo? De nós? Paciência, amor, inspiração. E vamos indo. Uma hora desata. Ou não. Mas vale sempre tentar. Por fim, quando cansados de estarmos sós resolvermos abrir a janela do coração, é possível que um “i” esbelto o suficiente para passar pela fresta pequena que abrimos entre e se esgueire por entre o “ó” e o “s” final. Finalmente criando “sóis”. Sim, porque neste momento de retomada um sol só é pouco.
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Um comentário:
Um texto que reflete tua alma iluminada...
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